{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"65f202895d343b475a17fb06","updated":"2024-03-14T12:12:01.595Z","created":"2024-03-13T19:46:17.598Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null,"created_on":"2024-03-13T19:46:17.578Z","updated_on":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2024-03-13T19:46:17.608Z","likes_count":7,"comments_count":0,"bookmarks_count":0,"shares_count":0,"score":"2024-03-14T02:46:17.608Z","sharing_title":null,"sharing_description":null,"sharing_image":null,"tag_ids":["65f202895d343b475a17fb05","65f202895d343b475a17fb04","605e32aa32e1ab6069a3295a","605e32aa32e1ab6069a32959","612ec37704d1e548627c4c49"],"author_user_id":"602c0ac8c95562223a93b904","moderator_user_id":null,"original_author_user_id":"602c0ac8c95562223a93b904","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":2,"created_on":"2024-03-13T19:46:17.578Z","updated_on":null,"tags":[{"id":"605e32aa32e1ab6069a32959","title":"educomunicacao","slug":"educomunicacao","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827"},{"id":"605e32aa32e1ab6069a3295a","title":"educacao midiatica","slug":"educacao-midiatica","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827"},{"id":"612ec37704d1e548627c4c49","title":"pensamento complexo","slug":"pensamento-complexo","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827"},{"id":"65f202895d343b475a17fb04","updated":"2024-03-13T19:46:17.582Z","created":"2024-03-13T19:46:17.582Z","title":"edgar morin","slug":"edgar-morin","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827"},{"id":"65f202895d343b475a17fb05","updated":"2024-03-13T19:46:17.582Z","created":"2024-03-13T19:46:17.582Z","title":"complexidade","slug":"complexidade","project_id":"602b0a49a74b651d2ab0f827"}]},"content":{"title":"A Educomunicação e o pensamento complexo de Edgar Morin","slug":"a-educomunicacao-e-o-pensamento-complexo-de-edgar-morin","cover_image":"https://602b0a49a74b651d2ab0f827.redesign.static-01.com/l/images/5790e3c99699571f21506bc3c9873213f7cf669c.png","cover_image_alt_text":"Foto do pensador Edgar Morin gesticulando. A imagem está com um filtro rosa.","headline":"\n\nNão é novidade que as novas tecnologias da comunicação alteraram de maneira significativa a nossa sociedade. O momento atual é marcado pela transição do paradigma positivista para o paradigma da","preview_content":"
Não é novidade que as novas tecnologias da comunicação alteraram de maneira significativa a nossa sociedade. O momento atual é marcado pela transição do paradigma positivista para o paradigma da complexidade.
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Não é novidade que as novas tecnologias da comunicação alteraram de maneira significativa a nossa sociedade. O momento atual é marcado pela transição do paradigma positivista para o paradigma da complexidade. Isso significa que o pensamento, a visão de mundo, os valores e as formas de organização social vêm sofrendo grandes alterações.
Desde o século XVII, o pensamento ocidental é condicionado pela lógica cartesiana, baseada em relações de causa e efeito determinadas, predominante até os dias atuais. Este paradigma se sustenta basicamente sobre três pilares: Razão, Ordem e Separabilidade. No entanto, existem teorias contrárias a estes pilares, iniciando uma nova forma de pensamento, caracterizado pela visão e aceitação da complexidade.
Edgar Morin, filósofo da corrente do pensamento complexo, aponta para a necessidade da ciência articular os diversos conhecimentos específicos para resolver os problemas do mundo de maneira mais abrangente, que são complexos e se forem analisados por conhecimentos fragmentados levarão a conclusões incompletas.
Na Educação, estas mudanças ocorrem de maneira mais lenta, porém é necessário repensar alguns dos conceitos estruturais que sustentam o atual sistema educacional. A ideia desse texto é introduzir o conceito de complexidade de Morin e discutir sobre o seu impacto na forma como fazemos a Educação, indicando qual pode ser o papel da Educomunicação.
O conceito de complexidade é definido por Morin (2008, p. 20) como “um tecido de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo” e “o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal.” O autor apresenta a complexidade com características da confusão, da desordem, da ambiguidade e da incerteza:
“À primeira vista é um fenômeno quantitativo, a extrema quantidade de interações e de interferências entre um número muito grande de unidades. (...) Porém, a complexidade não compreende apenas quantidades de unidades e interações que desafiam as nossas possibilidades de cálculo; compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios. (...) A complexidade está portanto ligada a uma certa mistura de ordem e de desordem.” (MORIN, 2008, p.51).
No paradigma vigente da simplicidade, de acordo com Morin, o conhecimento tem a função de selecionar os elementos de ordem e de certeza, eliminando a desordem e a incerteza, retirando a ambiguidade e estabelecendo distinção. Morin (2008) diz que as operações de separação e redução das áreas do conhecimento, apesar de necessárias ao entendimento, correm o risco de torná-lo cego. O filósofo ressalta a necessidade de aceitar certa imprecisão nos fenômenos e também nos conceitos.
“(...) uma das grandes conquistas preliminares no estudo do cérebro humano é compreender que uma das suas superioridades sobre o computador é poder trabalhar com o insuficiente e o vago.” (MORIN, 2008, p. 53).
O pensamento complexo, diferentemente do cartesiano, aceita a desordem, o incerto e a ambiguidade, sendo possível elaborar instrumentos conceituais para isso. Nesta forma de pensar, a explicação de um fenômeno não pode ser reduzida a um princípio de ordem pura, nem de desordem pura, adotando um caráter misto. Já o caráter de fragmentação do conhecimento deve ser eliminado, criando a consciência de que sempre haverá incertezas, pois o pensamento complexo não é completo:
“Num sentido, o pensamento complexo tenta dar conta daquilo que os tipos de pensamento mutilante se desfaz, excluindo o que eu chamo de simplificadores e por isso ele luta, não contra a incompletude, mas contra a mutilação. Por exemplo, se tentarmos pensar no fato de que somos seres ao mesmo tempo físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a complexidade é aquilo que tenta conceber a articulação, a identidade e a diferença de todos esses aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa esses diferentes aspectos, ou unifica-os por uma redução mutilante. Portanto, nesse sentido, é evidente que a ambição da complexidade é prestar contas das articulações despedaçadas pelos cortes entre disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de conhecimento.” (MORIN 2007, p. 176-177).
Em entrevista para a GloboNews, exibida em 23/02/2015, ao ser perguntado o que pode ser feito em relação ao ensino para preparar as futuras gerações, Morin propõe a introdução de temas que ainda não são discutidos nos ambientes educacionais, como \"aceitação do erro\", “o que é o conhecimento”, “compreensão humana”, “enfrentar as incertezas”.
Percebemos que há a necessidade de enfatizar o caráter humano e social do processo educativo, para além da aprendizagem de conhecimentos científicos especializados. A mudança da forma de pensar passa necessariamente por discutir em sala de aula elementos do próprio paradigma da complexidade.
Morin também fala da força da internet e de outras ferramentas da comunicação, tanto para o lado positivo quanto para o negativo, e ressalta a liberdade que a rede oferece para seus usuários.
O filósofo afirma que “a informação não é conhecimento, o conhecimento é a organização das informações”, de modo a reforçar a importância do pensamento complexo para as pessoas interpretarem melhor as informações nas quais estão imersas e transformá-las em conhecimento.
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Entendo que o paradigma da complexidade conversa diretamente com as bases da Educomunicação, cuja atuação ocorre na interface entre duas áreas “fragmentadas” nos estudos tradicionais: a Educação e a Comunicação. Também destaco a valorização de outras formas de saberes e conhecimentos, como um aspecto em comum.
Por isso, vejo as pessoas educomunicadoras assumindo um papel central na educação para o pensamento complexo. Primeiro, pela ênfase nos aspectos humanos e sociais no processo educativo, incentivando a reflexão sobre a realidade e o questionamento sobre as formas de pensar hegemônicas.
Depois, pela necessidade de educar para o uso das mídias, ampliando a capacidade de utilizar as informações digitais de maneira ética e responsável para a construção do conhecimento pessoal e coletivo.
Não é novidade que as novas tecnologias da comunicação alteraram de maneira significativa a nossa sociedade. O momento atual é marcado pela transição do paradigma positivista para o paradigma da complexidade.
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Não é novidade que as novas tecnologias da comunicação alteraram de maneira significativa a nossa sociedade. O momento atual é marcado pela transição do paradigma positivista para o paradigma da complexidade. Isso significa que o pensamento, a visão de mundo, os valores e as formas de organização social vêm sofrendo grandes alterações.
Desde o século XVII, o pensamento ocidental é condicionado pela lógica cartesiana, baseada em relações de causa e efeito determinadas, predominante até os dias atuais. Este paradigma se sustenta basicamente sobre três pilares: Razão, Ordem e Separabilidade. No entanto, existem teorias contrárias a estes pilares, iniciando uma nova forma de pensamento, caracterizado pela visão e aceitação da complexidade.
Edgar Morin, filósofo da corrente do pensamento complexo, aponta para a necessidade da ciência articular os diversos conhecimentos específicos para resolver os problemas do mundo de maneira mais abrangente, que são complexos e se forem analisados por conhecimentos fragmentados levarão a conclusões incompletas.
Na Educação, estas mudanças ocorrem de maneira mais lenta, porém é necessário repensar alguns dos conceitos estruturais que sustentam o atual sistema educacional. A ideia desse texto é introduzir o conceito de complexidade de Morin e discutir sobre o seu impacto na forma como fazemos a Educação, indicando qual pode ser o papel da Educomunicação.
O conceito de complexidade é definido por Morin (2008, p. 20) como “um tecido de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo” e “o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal.” O autor apresenta a complexidade com características da confusão, da desordem, da ambiguidade e da incerteza:
“À primeira vista é um fenômeno quantitativo, a extrema quantidade de interações e de interferências entre um número muito grande de unidades. (...) Porém, a complexidade não compreende apenas quantidades de unidades e interações que desafiam as nossas possibilidades de cálculo; compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios. (...) A complexidade está portanto ligada a uma certa mistura de ordem e de desordem.” (MORIN, 2008, p.51).
No paradigma vigente da simplicidade, de acordo com Morin, o conhecimento tem a função de selecionar os elementos de ordem e de certeza, eliminando a desordem e a incerteza, retirando a ambiguidade e estabelecendo distinção. Morin (2008) diz que as operações de separação e redução das áreas do conhecimento, apesar de necessárias ao entendimento, correm o risco de torná-lo cego. O filósofo ressalta a necessidade de aceitar certa imprecisão nos fenômenos e também nos conceitos.
“(...) uma das grandes conquistas preliminares no estudo do cérebro humano é compreender que uma das suas superioridades sobre o computador é poder trabalhar com o insuficiente e o vago.” (MORIN, 2008, p. 53).
O pensamento complexo, diferentemente do cartesiano, aceita a desordem, o incerto e a ambiguidade, sendo possível elaborar instrumentos conceituais para isso. Nesta forma de pensar, a explicação de um fenômeno não pode ser reduzida a um princípio de ordem pura, nem de desordem pura, adotando um caráter misto. Já o caráter de fragmentação do conhecimento deve ser eliminado, criando a consciência de que sempre haverá incertezas, pois o pensamento complexo não é completo:
“Num sentido, o pensamento complexo tenta dar conta daquilo que os tipos de pensamento mutilante se desfaz, excluindo o que eu chamo de simplificadores e por isso ele luta, não contra a incompletude, mas contra a mutilação. Por exemplo, se tentarmos pensar no fato de que somos seres ao mesmo tempo físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a complexidade é aquilo que tenta conceber a articulação, a identidade e a diferença de todos esses aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa esses diferentes aspectos, ou unifica-os por uma redução mutilante. Portanto, nesse sentido, é evidente que a ambição da complexidade é prestar contas das articulações despedaçadas pelos cortes entre disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de conhecimento.” (MORIN 2007, p. 176-177).
Em entrevista para a GloboNews, exibida em 23/02/2015, ao ser perguntado o que pode ser feito em relação ao ensino para preparar as futuras gerações, Morin propõe a introdução de temas que ainda não são discutidos nos ambientes educacionais, como \"aceitação do erro\", “o que é o conhecimento”, “compreensão humana”, “enfrentar as incertezas”.
Percebemos que há a necessidade de enfatizar o caráter humano e social do processo educativo, para além da aprendizagem de conhecimentos científicos especializados. A mudança da forma de pensar passa necessariamente por discutir em sala de aula elementos do próprio paradigma da complexidade.
Morin também fala da força da internet e de outras ferramentas da comunicação, tanto para o lado positivo quanto para o negativo, e ressalta a liberdade que a rede oferece para seus usuários.
O filósofo afirma que “a informação não é conhecimento, o conhecimento é a organização das informações”, de modo a reforçar a importância do pensamento complexo para as pessoas interpretarem melhor as informações nas quais estão imersas e transformá-las em conhecimento.
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Entendo que o paradigma da complexidade conversa diretamente com as bases da Educomunicação, cuja atuação ocorre na interface entre duas áreas “fragmentadas” nos estudos tradicionais: a Educação e a Comunicação. Também destaco a valorização de outras formas de saberes e conhecimentos, como um aspecto em comum.
Por isso, vejo as pessoas educomunicadoras assumindo um papel central na educação para o pensamento complexo. Primeiro, pela ênfase nos aspectos humanos e sociais no processo educativo, incentivando a reflexão sobre a realidade e o questionamento sobre as formas de pensar hegemônicas.
Depois, pela necessidade de educar para o uso das mídias, ampliando a capacidade de utilizar as informações digitais de maneira ética e responsável para a construção do conhecimento pessoal e coletivo.