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Boas práticas online - experiência de cidadania digital com o 6° ano durante o ensino remoto

Boas práticas online - experiência de cidadania digital com o 6° ano durante o ensino remoto
Elena Mambrini
jul. 16 - 6 min de leitura
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Por Andressa Caprecci e Elena Mambrini 

A transição das séries escolares carrega o frio na barriga e a curiosidade pelo novo. Em nossa escola, no sexto ano, alunos e alunas mudam de endereço e migram para a unidade mais longe do complexo escolar. Esse é um momento de grandes descobertas e a adolescência começa a despontar. A escola sempre teve um cuidado especial com essas mudanças e fechamentos de ciclos. E assim que Elena foi chamada para um trabalho pedagógico com o 6° ano, no primeiro mês de ensino remoto,  nos organizamos para uma entrada conjunta, a fim de fazer a passagem das educadoras.

A necessidade da entrada se deu quando as transgressões virtuais se tornaram parte do cotidiano escolar. Os corpos, atravessados por ciclos novos, eram também contaminados por uma adaptação à pandemia e ao tsunami de horas em telas a que estavam sujeitos.

Como educadoras de Tecnologias Educacionais achamos que as transgressões virtuais são momentos saudáveis de testes de limites, entendimento das possibilidades digitais e movimentação de um corpo. No entanto, isso não significa que não precisamos ter atenção com esses limites. O desafio que se apresentava a nós era construir uma reflexão sobre as atitudes, tendo cuidado com o moralismo que poderia surgir em nossas falas.
 

O planejamento

Nos reunimos algumas vezes para revisitar as experiências vivenciadas com as turmas nos últimos anos, pensar nos próximos passos com base nos relatos que recebemos dos professores e coordenadores a respeito de como os estudantes estavam se relacionando e experimentando a presença “online”. Dessa forma, todo o planejamento do projeto foi feito em conjunto por nós duas.

Notamos que fez muita diferença esse resgate do que eles produziram com a educadora de Tecnologias Educacionais no ano anterior. Especialmente, porque a passagem do fundamental I para o fundamental II é um rito bastante importante e reconhecido por eles, até mesmo corporalmente. Os novos alunos do 6° ano deixaram de ser os alunos mais velhos de uma unidade para serem os mais novos de outra unidade, onde compartilham os espaços com alunos do Ensino Médio. A vontade de experimentar e buscar formas de expressão nesse novo lugar tão diferente os move também a descobrir novas maneiras de transgredir. 

Como apoio para nossas práticas, utilizamos algumas referências, dentre as quais destacamos o Currículo da Cidade de São Paulo, um material elaborado para integrar as diretrizes de currículo no município de São Paulo e a Base Nacional Comum Curricular. O documento propõe orientar o trabalho na sala de aula de modo a fortalecer políticas de equidade no acesso à educação, inclusão, diversidade e desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes. O currículo, assim como a base, apresenta uma estrutura organizada por Eixos, Objetos do Conhecimento, Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento. Nós também tínhamos sempre o cuidado de acrescentar a relação de cada um dos objetivos com a proposta que nos era apresentada.  

Para este projeto, apresentamos a estrutura exemplificada abaixo: 

Buscamos com nossa proposta com os estudantes trazer para o cotidiano uma reflexão  acerca do uso dos ambientes virtuais com responsabilidade e autonomia, também identificação da expressão através das produções realizadas  e como elas podem se apresentar nas diferentes mídias digitais.   
 

A prática

Temos como premissa escutar e conduzir diferentemente nossos encontros, a depender da interação e das falas dos alunos. Para nos prepararmos, sempre escrevemos perguntas norteadoras, a fim de conduzir nosso raciocínio.

No primeiro momento conversamos sobre quatro pontos: (1) identificar a rotina escolar que haviam criado em casa; (2) conversar sobre o tempo de uso das telas; (3) refletir sobre o aproveitamento em relação aos encontros virtuais e (4) problematizar a postura online.

Posteriormente, construímos com a ferramenta Jamboard, um documento compartilhado do pacote Google que possibilita a escrita, inserção de desenhos e colagem de post-its virtuais, para construir os combinados do grupo e fixá-los no Google Sala de Aula. 

Como cada experiência educativa é única, cada grupo conduziu de uma forma e isso interferiu no resultado final, diferentes combinados em cada turma. No entanto, o eixo central da atividade era o mesmo, “refletir sobre a expressão da postura online”.

 

Como avaliamos e nos sentimos

Com a finalização do processo acabamos por nos distanciar pedagogicamente do 6° ano, devido a uma quantidade enorme de demandas técnicas que surgiram com a intensificação do ensino remoto.

Uma das dificuldades que se apresentam à nossa área é o equilíbrio entre o pedagógico e administrativo. Como geralmente nossa contratação não é pedagógica, temos intervenções esporádicas. Principalmente quando há algum problema específico para ser cuidado. 

Dessa forma, não sabemos ao certo quais os impactos dessa intervenção com o 6° ano. Mas a partir dela, a Andressa foi requisitada por outras educadoras a desenvolver entradas semelhantes, que foram adaptadas a outras faixas etárias. 

Consideramos o processo e sua finalização um passo importante e uma conquista que recebemos com muito ânimo para seguir na construção de espaços  para reflexão acerca do mundo e de como ele afeta aos alunos e a todos nos, convidando-os a produzir de maneira cidadã.

 

Andressa Caprecci  - Licenciada em Educomunicação (ECA-USP), Mestranda em Ciências da Comunicação (PPGCOM-USP) e Educadora de Tecnologias Educacionais.

Elena Mambrini - Graduanda em Educomunicação (ECA-USP)  e Educadora de Tecnologias Educacionais.


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