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Cieja ZapNews, podcast escolar feito na quarentena 2020 para combater a desinformação e aproximar a comunidade

Cieja ZapNews, podcast escolar feito na quarentena 2020 para combater a desinformação e aproximar a comunidade
Lucas Fersa
mai. 26 - 8 min de leitura
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Como nasce um podcast escolar?

Com o início da quarentena em São Paulo no final de março de 2020, nós, professores, tivemos que pensar em formas e meios de comunicação que dessem continuidade ao ano escolar e mantivessem nossos alunos conosco. E o CIEJA no qual trabalho decidiu fazer uso dos grupos de WhatsApp para formar “salas de aula”, já que essa rede social tem um grande uso.

O que me preocupava nesse esquema era que as mensagens oficiais da escola seriam escritas pela coordenação e repassadas aos alunos nesses grupos. Isso me era motivo de preocupação porque alguns alunos não teriam condições plenas de ler as mensagens e compreendê-las já que estão entrando no Ensino Fundamental II e outros estão sendo alfabetizados no Ensino Fundamental I.

Como todo professor, eu tinha um problema a ser resolvido e comecei a pensar em soluções. Com os conhecimentos de 4 anos de Educomunicação, entre eles conhecimento teórico e prático sobre rádio, podcast, gestão de comunicação, ensino a distância, resolvi propor para a coordenadora do Cieja Butantã, Laura Cymbalista, a criação de um podcast semanal que seria enviado como um arquivo de áudio para os alunos no próprio WhatsApp.

Nesses programas, poderíamos passar as informações oficiais da escola e informações da pandemia de forma mais atraente do que apenas um áudio do professor ou um texto escrito e compartilhado. Assim do problema inicial com ajuda da Educomunicação, nasceu o CIEJA ZAPNEWS, batizado pela primeira locutora do jornal, a professora Jacqueline Martins.

 

ÁUDIO DISPONÍVEL AQUI:

ROTEIRO DISPONÍVEL AQUI: https://drive.google.com/file/d/1JNw9-qUhe6wu6yUSEE4qzoZPmYqS8_CB/view?usp=sharing

 

Pautando o programa

O roteiro do primeiro CIEJA ZAPNEWS foi escrito depois das reuniões dos professores da escola e, assim, pautado por eles até o último programa de 2020. Apesar da exigência de uma liderança no projeto, composta por mim e pelos dois coordenadores da escola, Laura Cymbalista e Claudio Chaubet, a horizontalidade nas pautas e decisões sobre o programa são premissas educomunicativas e foram respeitadas na produção dos 34 podcasts.

Os primeiros assuntos pautados giraram muito em torno da escola fechada e das ações da prefeitura, além de informações sobre a quarentena e a pandemia, combatendo uma forte onda política de desinformação na época. Por isso, as perguntas enviadas nos grupos pelos alunos para os professores sobre a pandemia tornaram-se um quadro chamado “Qualé sua dúvida?” e eram respondidas, em sua maioria, pelos professores de Ciências da escola com base em pesquisas nos grandes jornais, como Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, G1.

ÁUDIO DISPONÍVEL AQUI, COMEÇA EM 1’56’’:

 

Além dos assuntos da escola e da quarentena, outros quadros do CIEJA ZAPNEWS surgiram a partir das angústias e pedidos dos professores nessas reuniões de pauta. Foram eles: 

  • “Entrevista com o aluno”, com o objetivo de evitar a evasão escolar por meio das histórias de vida de vários estudantes; 

  • “De olho no voto” para falar sobre as regras das eleições de 2020 e assuntos sobre a distribuição dos poderes no Brasil.

  • “Protocolo de volta às aulas” para apresentar aos alunos as regras criadas pela prefeitura em um eventual retorno das aulas presenciais.

 

Como transmitir a mensagem?

O programa possui estética e característica da própria ferramenta que é o meio de comunicação utilizado para propagá-lo: o WhatsApp. Por isso, eu utilizei o som de assobio da notificação dessa rede social para separar os blocos entre abertura, notícias, informações, quadros e fechamento do programa, além disso também contempla o nome do programa CIEJA ZAPNEWS com o “Zap” (informalidade).

Também as músicas usadas como background (BG) eram trocadas logo após se ouvir o assobio. Esse indicativo de mudança da temática também ajudava a dar a entonação do assunto falado, já que poderia dinamizar uma informação difícil ou emocionar. Nas entrevistas com os alunos, por exemplo, sempre usei a mesma música tocada em piano e mais lenta, o que fazia o relato de vida da história do aluno um pouco mais emocionante ao ouvinte. Para isso, utilizei músicas disponíveis na Youtube Audio Library e sem direitos autorais.

Além disso, a ideia seguiu as premissas básicas do rádio e da rádio comunitária, como uma linguagem simples, acessível a todos, até mesmo com o uso de informalidades, e a proximidade do ouvinte com o assunto.

Além disso, eu me utilizei de diversas repetições, como frases que indicavam o início e o fim do programa sempre iguais para que os alunos criassem certa previsibilidade e intimidade com o programa, numa espécie de “eu já sei o que ele vai dizer”, apesar de cada semana termos um professor diferente fazendo a locução. Como professor de português, essa foi a parte que mais me agradava em construir dos programas, já que eu precisava estar sempre pensando se o ouvinte nos compreenderia em assuntos tão diversos. 

Apesar dos aprendizados em Educomunicação, produzir um podcast totalmente a distância é o maior dos desafios que já tive como professor e, provavelmente, o primeiro de muitos como educomunicador. O roteiro era lido diversas vezes por mim e por outros professores, além dos coordenadores que faziam a revisão. Isso para que nenhuma informação incorreta chegasse aos alunos. Já os meus colegas professores do CIEJA, além de pauteiros, tiveram que aprender a fazer locução com os próprios celulares e a entrevistar alunos via WhatsApp.

 

A escuta dos ouvintes

Foi possível perceber através dos comentários escritos e dos áudios dos alunos que eles se apropriaram do CIEJA ZAPNEWS como um verdadeiro programa de rádio: Muitos deles falavam “eu ouvi no ZAPNEWS”, demonstrando serem ouvintes da rádio escolar; Em algumas entrevistas para a rádio, os alunos falavam: “eu falo para todos os meus colegas: não desistam”, pois sabiam que suas vozes estavam sendo propagadas; e o número de ligações com dúvidas para a secretaria da escola diminuiu consideravelmente depois das informações gerais serem veiculadas no programa.

Apesar das dificuldades técnicas que não ajudavam na qualidade do som, mesmo com a edição do programa feita por mim e algumas outras vezes feita pela professora Célia Borges, o programa virou uma espécie de exercício semanal no qual os alunos deveriam ouvir e comentar se quisessem. Assim o CIEJA ZAPNEWS, tornou-se uma linguagem diferente para as atividades da escola no ensino remoto.

 

Os programas especiais: 10 e 34

O programa 10, um especial com 4 professores falando sobre o momento da pandemia e como estavam trabalhando de casa configurou-se em uma catarse coletiva na qual os discentes também puderam falar como se sentiam naquele momento. A entrevista que durou quase uma hora via Microsoft Teams foi editada em um programa de 10 minutos e virou um dos programas que mais me representa como professor, porque também falava por mim.

 

ÁUDIO DISPONÍVEL AQUI: 

ROTEIRO DISPONÍVEL AQUI:

https://drive.google.com/file/d/1iA0aafX-5vpirI9IovBLlE9teLqSMx6v/view?usp=sharing

 

O último do ano, o de número 34, foi também um programa para falar da esperança em 2021. Assim, a professora Jacqueline Martins voltou como entrevistada para falar sobre o nascimento da filha Lara; a professora Isabela Machado discursou para os formandos; e todos os professores foram representados com suas vozes em união virtual de fim de ano.

 

ÁUDIO DISPONÍVEL AQUI: 

ROTEIRO DISPONÍVEL AQUI:

https://drive.google.com/file/d/12M2ThLjCpLFk8TzLpwlwngxbCrkpUK6U/view?usp=sharing

 

Do mesmo modo, termino este relato desejando o que eu e outros locutores do CIEJA ZAPNEWS desejávamos aos nossos alunos sempre ao terminar nossos podcasts: “ISSO TUDO VAI PASSAR E, LOGO, NÓS ESTAREMOS JUNTOS PARA UM LONGO ABRAÇO DE REENCONTRO NO NOSSO CIEJA.” ou nas praças, ou nas faculdades, ou nos bares.


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