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O jornal escolar como construtor de vínculos na pandemia

O jornal escolar como construtor de vínculos na pandemia
Heron Ledon Pereira
jul. 21 - 11 min de leitura
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Por: Prof Heron Ledon Pereira e estudantes Ana Paula Barros, Eduarda Bressan, Gabriela Rodrigues, Giovanna Rocha, Isabella Affonso, Rayane Castro e Yasmin Rocha

O Jornal Incertus teve início no Colégio Certus em 2019, com seis edições publicadas e uma origem em formato de projeto-piloto de rádio, no segundo semestre do ano anterior.

E, sem completar sequer um mês de retomada, tivemos que ir para casa, devido à pandemia. Seguimos a produção sem pausas para pensar em adaptações e estratégias pedagógicas. Apesar de toda a loucura e desgaste que foi lecionar em 2020, os encontros do Jornal foram diferentes. Ou melhor, nunca deixaram sua essência: o afeto, que até aumentou.

Sempre no contraturno de aula, uma vez por semana, durante 1h30, os momentos tornaram-se uma grande válvula de escape para estudantes e para mim, professor, diante de todo o cenário. E, claro, sem excluir a produção das edições em si. Aliás, muitos dos temas debatidos informalmente viraram matérias nas páginas do jornal, que passou a ser 100% virtual, mas com o mesmo formato em pdf.

E muito disso se deu por causa de trazer nossa comunidade interna do colégio para dentro dos encontros, que não ocorrem como aula expositiva, porém em debates e discussões de ideias, em que as decisões são tomadas da forma mais horizontal, coletiva e democrática possível. 

Então, vamos a alguns episódios afetivos marcantes de 2020!

 

Novos membros

No meio do ano, continuávamos com nosso Calcanhar de Aquiles: as imagens do jornal. Eu, que ministrava uma eletiva de Humor Gráfico para o Ensino Médio, nem havia pensado no óbvio: abrir inscrições para ilustradores. Novos membros entraram, atingindo entre 12 e 15 participantes, sempre do 8º ano do Fundamental à 3ª série do Médio e gratuitamente. As edições ficaram muito mais bonitas, atraentes e vivas, e a chegada dos ilustradores cresceu a áurea do grupo.

 

Participação de professores como entrevistados

Passamos também a convidar mais professores para entrevistas coletivas e colaborativas durante os encontros, e o espaço horizontal também deixava tudo mais leve. Era visível a sensação de conforto dos colegas ao participarem, como que libertando-se de um ambiente engessado da sala de aula tradicional, sobretudo em pandemia.

Nesse sentido, vale destacar a nossa segunda edição de 2020, lançada em junho, que teve como tema os novos professores do Certus. Foi uma das edições com maior repercussão nos bastidores virtuais, por trazer características, informações e curiosidades sobre aqueles que mal tiveram tempo de se vincular presencialmente com o lugar, os colegas e, principalmente, os estudantes, e vice-versa.

 

Produção colaborativa das turmas regulares

Algo inédito para o projeto também foi a produção colaborativa e efetiva de estudantes que não fazem parte do Jornal. Íris Roberta, uma das professoras de Inglês do Fundamental I (ou Anos Iniciais), retomou essa ideia do início do ano, pois ela e as professoras Flávia Soares e Patrícia Sola, regulares do 5º ano, fariam um projeto de reciclagem envolvendo Língua Portuguesa, Língua Inglesa e redação de artigos e outros materiais. 

Então, eu fiz uma aula com as turmas do 5º ano para falar sobre Jornalismo e o Jornal Incertus. As turmas produziram os conteúdos e nos mandaram. Assim, coube à galera do Jornal um papel inédito, o de editores, mas desta vez de materiais de terceiros. Eles fizeram as revisões e a seleção do que entraria para a nova edição, já que quantitativamente não caberia tudo - e todas as produções foram organizadas em um Google Sites do 5º ano. 

Algo bem parecido ocorreu com os 9ºs anos, em Língua Portuguesa, com as professoras Luana Barbosa e Ingrid Cristina, que trabalhariam entrevistas com suas turmas. Elas nos procuraram, e quem deu uma “aula especial” sobre notícia e jornal para os grupos foram as alunas do próprio Incertus! E depois fizemos o mesmo processo de seleção e edição. Foi a edição 11, de outubro, que teve como maioria dos conteúdos os feitos pelo 5º e 9º ano.

Essa dinâmica também nos ajudou, pois os estudantes estavam bem cansados de toda a situação social e demanda escolar. Então, tivemos um respiro para que pudéssemos preparar a última publicação do ano, em dezembro, com mais tranquilidade, além da experiência de atuar quase que 100% como revisores e editores, visto que na nossa dinâmica não há a divisão rígida de funções.

 

 

Para ver os resultados, basta conferir neste link: https://certus.com.br/blog/jornal-incertus/ 

 

A voz de quem fez

Mas o professor já falou demais! É hora de os estudantes darem seus depoimentos!

Ana Paula Barros: Quando eu soube que estavam procurando por ilustradores no Jornal, logo pensei em entrar para me testar com relação aos desenhos e saber como rolava a pegada da galera que fazia parte. De início eu adorei fazer todas as ilustrações que me pediam, embora não lidasse tão bem no momento de passar todas elas para o digital. Duas das meninas que faziam parte no ano passado me auxiliaram muito porque elas já tinham conhecimento sobre essas questões. Foi a partir dessas interações simples que faziam e ainda fazem total diferença na construção das edições que eu percebi uma das bases mais fortes do Jornal Incertus, o apoio e trabalho coletivo. Depois fui me aventurar pela escrita, e sim, construir matérias que transformam a nós de maneiras muito únicas faz a gente sair da bolha e desenvolver involuntariamente uma consciência coletiva construída e fortificada - além das possibilidades sensacionais que tivemos ao longo desses anos, tanto com as entrevistas com pessoas diferentes para tratar de temas que escolhemos quanto com os encontros proporcionados pelo nosso professor. 

Eduarda Bressan: O Jornal Incertus certamente foi uma experiência que marcou minha vida e que fez grande diferença no meu desenvolvimento em diversas áreas. Não só me ajudou na parte de desenvolver e construir redações, mas foi uma experiência para vida. Desenvolvi novos conhecimentos, aprendi a ver pela perspectiva de outras pessoas, entendi que o estudo e pesquisa são extremamente necessários e também conheci pessoas incríveis; criamos nossa própria tribo, aprendemos a trabalhar num grande grupo e fazer com que coisas extraordinárias saíssem de encontros semanais.
Foi incrível entrevistar especialistas nas áreas que estávamos pesquisando e aprender um pouco mais sobre cada assunto que estava em alta no nosso meio. Tivemos contato com pessoas até de fora da nossa cidade, como a ativista Paloma Costa, que atua na ONU e que trouxe muito conhecimento para uma das edições do jornal, e pudemos trocar experiências com os estudantes do Colégio Mackenzie, o que nos trouxe novas amizades também.
Entendemos que não éramos encarregados apenas de levar a informação para os outros, mas também para nós mesmos.

Gabriela Rodrigues: Participei do Jornal Incertus em 2020, a partir de uma sugestão do professor Heron. Eu fazia parte do grupo de ilustradores, em que desenvolvemos desenhos para as matérias, com o intuito de trazer uma comunicação visual para o jornal. Apesar de ter participado apenas durante seis meses, foi um projeto transformador, em que tive a oportunidade de abranger meu conhecimento na área e desenvolver um olhar crítico sobre diferentes temas abordados, dessa forma despertando interesse para saber cada vez mais. Ter tido a oportunidade de participar do jornal foi incrível e certamente é algo que sinto muita falta.

Giovanna Rocha: Desde que eu entrei no grupo do jornal senti que o ambiente seria diferente, tanto por didática de aula, quanto por sensação de aprendizagem e acolhimento! Aqui nós não temos julgamentos de mais ou menos inteligentes e talentosos, temos admiração e reconhecimento daqueles que se propõem a nos ajudar e serem ajudados! 
Em 2020 tudo foi bem assustador. O engraçado é que no dia do meu aniversário, dia 12/03, o colégio informou que não havia necessidade de irmos ao colégio de forma presencial, ou seja, a única esperança que tive foi de pensar que pelo menos, diante das novas experiências, ainda teríamos o contato dinâmico com nossos colegas. Esse contato aconteceu pelo Jornal Incertus ;) 
As oportunidades sempre foram bem presentes no nosso cotidiano. Tivemos a oportunidade de conhecermos a Cásper Líbero e  interagirmos com estudantes que faziam seus TCC’s; pudemos distribuir jornais em trens e estações; conhecer estúdios de rádio e televisão (estes em 2019); interagir com ativistas da ONU e até mesmo fazer uma troca de experiências com outros colégios, como o Mackenzie. Sinceramente, o jornalismo não é  minha área de interesse primário, mas não tem como negar que a escrita está em todos os âmbitos da vida, então, além de criar conexões e sensação de pertencimento ao grupo, tive também oportunidade de aprender questões mais burocráticas e necessárias no mundo afora. 

Isabella Affonso: O que falar do Jornal Incetus? Bom, não vou mentir, eles me ajudaram muito durante a pandemia a me desenvolver em diferentes áreas. Foi uma experiência muito bacana e divertida ter feito parte dessa equipe!

Rayane Castro: Em março de 2020 eu entrei no Jornal Incertus, com a expectativa de aprender várias maneiras de escrever, desenvolver mais e que até agora ele vem me ajudando muito, além disso queria tentar algo novo, queria tentar fazer um curso diferente. Quando entrei no Jornal Incertus fiquei com medo de falar minhas ideias e de escrevê-las, mas com o tempo fui melhorando e perdendo um pouco desse medo. Acho muito legal participar do Jornal.

Yasmim Rocha: Em meio a uma pandemia, em que mil coisas se passavam pela minha cabeça, pensei: “Por que não testar algo novo e expor esses pensamentos em algum lugar?” E foi aí que a minha trajetória no Jornal Incertus se iniciou. Confesso que inicialmente eu tive de certa forma um leve medo de que as matérias que eu produzisse não fossem suficientes, mas, no final, na minha percepção, além de suficientes, se tornaram aprendizados. Entre pesquisas, conversas e entrevistas, pude ver o “outro lado da moeda”. A sociedade apresenta inúmeras faces, e eu sou grata por ter conhecido algumas delas.


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