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O trabalho com a linguagem oral na Educação Infantil

O trabalho com a linguagem oral na Educação Infantil
Regina Izzo Fusco
jul. 14 - 5 min de leitura
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Escrito por Laura Carniceiro e Regina Izzo Fusco

 

Expressar-se oralmente é um dos desafios colocados para as crianças na Educação Infantil e, embora a questão das múltiplas linguagens e das diferentes formas de expressão sejam temas cada vez mais constantes em nossas reflexões, o desenvolvimento da oralidade é parte importante do processo de comunicação e foi muito intensificado pelas condições da interação remota.

Em nosso cotidiano, trabalhamos a fim de oferecer múltiplas e variadas experiências de uso da língua oral para que as crianças desenvolvam uma competência comunicativa que lhes permita interagir em diferentes contextos. Portanto, nosso objetivo na escola, é diversificar as experiências e fornecer ferramentas eficazes para o aprimoramento de sua capacidade de falar. 

No ambiente escolar, as crianças se deparam com situações nas quais se faz necessário lançar mão de estratégias de comunicação, sendo a verbal a mais solicitada pelos professores. Somente o fato de saírem do círculo íntimo da família, onde as pessoas entendem seus códigos particulares, e entrarem na escola, onde encontram pessoas – crianças e adultos – diferentes daqueles com as quais convivem, elas são convocadas a buscarem novas formas de expressão.

A intencionalidade educativa também é essencial nesse processo, por exemplo, quando uma criança precisa amarrar o cadarço de seu sapato e pede ajuda esticando-o na nossa direção, a professora pode dizer que não está entendendo aquele gesto - apesar de estar - e pedir que a criança formule verbalmente o que deseja, ao mesmo tempo em que incentiva o uso de palavras de gentileza como ‘por favor’ e ‘obrigada’. 

Todos sabem da importância da roda de conversa no cotidiano do nosso trabalho. Não é raro a Educação Infantil ser representada em uma imagem em que todos estão sentados no chão, com as pernas cruzadas, naquele círculo onde um enxerga o outro. É uma imagem que diz muito sobre esse segmento da escolaridade e se distancia daquela ideia tradicional de ensino em carteiras alinhadas diante de uma lousa. Além de ser um jeito de estar com o outro, é uma prática social instituída para organizar a rotina, compartilhar descobertas, confrontar ideias, entre muitos outros desdobramentos possíveis.

Ao mesmo tempo, do ponto de vista dos educadores, outras intencionalidades estão em jogo, uma delas diz respeito à comunicação, que é um dos aspectos da interação. Como convidar as crianças a experienciarem momentos de conversa coletivas e, processualmente, aprenderem a gerir sua fala e sua escuta, expressar-se com clareza, considerar o interlocutor e o tempo do coletivo?

É papel da escola sistematizar e pensar situações mais formais em relação à oralidade: apresentar e escutar atentamente uma apresentação; discutir; entrevistar; narrar e escutar histórias; comentar, solicitar e avaliar comentários, relatar as próprias experiências. Isso se traduz na prática em rodas de conversa sobre final de semana e temas variados; apreciação de produções das crianças e de artistas; recitais/saraus de quadrinhas e poemas; negociação e expressão de desejos na relação com o outro (conflitos, pedir emprestado); ampliação de vocabulário e palavras de cortesia. Nas apresentações e recitais, por exemplo, é comum refletirmos junto às crianças sobre características de cada modalidade, como volume e projeção de voz, entonação, postura corporal (não dá para falar com a mão na boca), dentre outros desdobramentos possíveis.

Em todas as propostas pensar sobre a linguagem verbal é também pensar para quem dirigimos a palavra, considerar a escuta, interagir e agir em conjunto, pois a gestão da palavra é coletiva - a palavra do outro constitui o ponto de partida de sua própria palavra. A comunicação vai se constituindo conforme vai se desdobrando, a partir inclusive da interpretação do outro. 

Ao trabalhar com esses princípios nas plataformas e ferramentas digitais, soma-se o fato de as crianças terem que aprender a gerenciar o uso do microfone e câmera de vídeo nos encontros síncronos ou os comentários elaborados por colegas e professores nos murais que permitem interação assíncrona. Da mesmas maneira, elas aprendem e se apropriam do funcionamento das ferramentas de interação virtual conforme vivenciam e refletem sobre seu uso com o apoio da educadora.    

Outro aspecto de nosso trabalho diz respeito a observação, legitimação e intervenção junto às mais diversas formas de participação: tanto das crianças que preferem participar como ouvintes, quanto das que participam falando e não consideram o desejo de outras pessoas falarem também, dessa maneira, ocupando muito do tempo coletivo com seu relato individual. Na escola remota, isso aparece naquela criança que prefere permanecer com a câmera fechada, interagindo por meio de gestos, por exemplo. Ao fazer essas análises, o educador pode atuar para que o grupo avance, bem como cada um individualmente ao longo da escolaridade.


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