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Precisamos falar sobre a internet: um Guia e Websérie em meio a pandemia

Precisamos falar sobre a internet: um Guia e Websérie em meio a pandemia
Adriana Mazzucatto Carrer
jul. 29 - 8 min de leitura
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Por Adriana Carrer, Patrícia Jatobá e Juliane Cruz

Quando a equipe da Viração começou a execução da terceira etapa do projeto Consulta Brasil: O que as crianças e adolescentes têm a dizer sobre o uso das TIC, em julho de 2020, a pandemia já estava há uns meses instalada. 

O projeto foi iniciado no começo de 2019 por meio de convênio com a  Diretoria de Promoção e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Para esse projeto tivemos três educomunicadoras diretamente envolvidas e outros seis educomunicadores que participaram ao longo do projeto. 

Realizado pela Viração Educomunicação, o Consulta Brasil promoveu ações de mobilização, formação e pesquisa participativa com o público infantojuvenil, a respeito do uso da internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). 

E para isso, foram quatro etapas de execução: 

  1. Realização de atividades de formação e diagnóstico participativo com crianças e adolescentes de dez municípios, nas cinco regiões do país e pesquisa virtual por meio do U-Report Brasil

  2. Tratamento e reflexão sobre os dados levantados nas pesquisas. Para isso, além de encontros com as próprias crianças e adolescentes, a Viração promoveu diálogos com especialistas em outubro de 2020.

  3. Momento de produção dos materiais multimídias. 

  4. Disseminação dos materiais produzidos e realização de eventos para aprofundar e fortalecer diálogos sobre segurança e cidadania digital de crianças e adolescentes. 

Este relato tem como foco a terceira etapa do projeto: a partir dos resultados da pesquisa realizada pelo projeto durante o ano de 2019 com crianças e adolescentes de todas as regiões do país, no segundo semestre do ano de 2020 a produção da websérie e dos guias começou. 

 

Como e porque fazer Guias?

Pautado nos paradigmas da Educomunicação, a opção por elaborar Guias didáticos se deu pela potência que produções midiáticas, como essa, têm de se disseminarem nas redes sociais e ajudar na conscientização de jovens e adolescentes, além de pais, responsáveis e educadores, sobre a segurança e cidadania digital. 

Materiais que trazem essas temáticas são fundamentais para garantir que crianças e adolescentes estejam a salvo de qualquer violência online e para que possam exercer sua cidadania e interagir eticamente e com segurança no mundo digital. Saber se proteger dos riscos, aproveitar as potencialidades e respeitar os direitos na internet são habilidades essenciais para a cidadania no mundo contemporâneo, em que o mundo digital permeia todo o tecido social.

Os guias foram escritos pela equipe de educomunicadores da Viração Educomunicação, que se basearam em importantes referências sobre a temática para além dos resultados da pesquisa. Todos os textos foram escritos usando o Google Documentos, que permite a escrita coletiva, colaborativa e simultânea. 

Para melhor aproveitamento do material, optamos por produzir dois volumes:

  • Volume 1 para famílias, educadores e agentes do Sistema de Garantia de Direitos

  • Volume 2 para crianças e adolescentes

Essa diferença se faz necessária para trabalhar linguagens específicas e, portanto, mais assertivas para cada público. O volume 1, por exemplo, traz materiais informativos e ideias de oficinas para que educadores e profissionais da área possam aplicar com seus educandos. Já o volume 2 traz mais jogos e interatividade, já que o objetivo é que   crianças e jovens se apropriem desse material e conduzam elas mesmas seus percursos formativos.

Hoje os Guias podem ser acessados e baixados  gratuitamente o site: http://bit.ly/GuiaTaNaRede 

Sugestão de oficina para aplicação encontrada no Guia 1

 

Trecho do Guia 2 sobre Fake News

 

Websérie e seus desafios

Os roteiros da websérie, assim como os vídeos finais, foram desenvolvidos com o apoio de uma produtora, de educomunicadores e outros profissionais que atuam com a temática do projeto. Os dois adolescentes que apresentaram a websérie e os jovens voluntários que participaram das entrevistas da série também deram suas contribuições para que a linguagem da produção fizesse mais sentido para o nosso público-alvo. 

As dificuldades encontradas para a realização da websérie residiam em dois pilares: adequação do roteiro e gravação, dado o contexto de isolamento social causado pelo coronavírus. Na parte do roteiro inicial da websérie, a ideia era gravar esquetes com jovens nas cidades que participaram do primeira fase do Consulta Brasil. Porém, isso se mostrou inviável pelo risco que a gravação presencial com muitos jovens apresentava no contexto da pandemia. 

A segunda ideia foi pedir para que esses jovens gravassem as esquetes em suas casas e nos enviassem. Entretanto, a questão da falta de acesso a internet se mostrou evidente neste contexto. Muitos dos jovens conseguiam acessar a internet somente em suas escolas, e como essas estavam fechadas, as gravações não puderam acontecer. Dessa forma, o roteiro foi adaptado e realizamos videochamadas com alguns dos jovens que possuíam acesso a internet para coletar depoimentos sobre os temas abordados e esses registros foram incorporados a websérie final. 

As gravações presenciais mobilizaram apenas os dois jovens apresentadores, de modo que só eles tivessem que se deslocar para a gravação, que foi realizada na casa da coordenadora da Viração à época, para mitigar riscos de contaminação do novo coronavírus. Os dois integrantes da produtora cumpriram duas semanas de isolamento prévio para não expor os adolescentes a riscos. Além disso, foram seguidos todos os protocolos de segurança estabelecidos pelo Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal (SINDCINE) e Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (APRO) durante a gravação.

Dadas essas mudanças para a readequação da produção da websérie, o cronograma inicial do projeto teve que ser revisto e um aditivo junto ao Ministério da Mulher, da família e dos Direitos Humanos foi elaborado.  

O resultado e os quatro episódios da websérie Consulta Brasil você pode conferir aqui:  https://bit.ly/PlaylistConsultaBrasil.   

 

Dos nossos objetivos

Mesmo com as dificuldades de execução dos materiais multimídias citados acima, os objetivos do nosso projeto foram alcançados, na medida em que conseguimos concretizar, produzir e divulgar materiais didáticos sobre o uso das TIC por crianças e adolescentes e realizar um evento virtual de lançamento da publicação e discussão sobre o uso das TIC por crianças e adolescentes. 

Dessa forma, foi possível elaborar e disseminar materiais multimídia com dados, diretrizes e estratégias a respeito do uso cidadão das TIC por crianças e adolescentes de todo o Brasil. Agora, desejamos que esses materiais cheguem a mais e mais pessoas para fomentar as discussões sobre o uso seguro e consciente das TIC. 

 

Assinam esse texto:

Adriana Carrer é formada em Educomunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e atua como educadora na rede pública Estadual do Maranhão, dando aula do sexto ao nono ano em São Luís. Durante a graduação explorou as oportunidades que a universidade pública oferece: foi bolsista CNPq de iniciação científica, monitora acadêmica, presidente da bateria universitária da ECA USP e conheceu a Viração Educomunicação, quando estagiou em 2020 e se apaixonou pelo Terceiro Setor.

 

Patrícia Jatobá é graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e graduanda em Educomunicação (ECA-USP). Atuou como educadora e assistente de coordenação em diversas ONGS voltadas para a garantia dos direitos humanos com foco em jovens e adolescentes, comunidades quilombolas, indígenas e mulheres em situações de violência. Atualmente é estagiária de educomunicação na Viração Educomunicação.

 

Juliane Cruz é graduanda em Educomunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Foi bolsista do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (NCE-USP) e hoje atua como educomunicadora na Viração Educomunicação, onde trabalha diretamente com a implementação do projeto U-Report Brasil, uma iniciativa global do UNICEF. Atua como educadora voluntária no curso de Comunicação e Cidadania do Projeto Redigir, oferecido para a comunidade externa da universidade. Integra o coletivo de pesquisadores periféricos CPDOC Guaianás.


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